Passou bastante tempo, mas só agora me sinto um pouco à vontade para escrever sobre isso. Sempre sofri bullying na escola. Coisa que eu achei que tinha parado na faculdade, mas recentemente senti mais uma vez no último curso que fiz. Ok. Não é sobre isso que vou escrever agora, mas sobre ter tentado superar uma coisa e não sei se consegui de fato, mas ajudou um pouquinho na época: fui num encontro das pessoas do colégio que estudei. Estava num grupo das pessoas do colégio, me senti bastante insegura mas com muita vontade de ver se conseguia superar alguma coisa. Percebi rapidamente que a maioria das pessoas que me tratavam como ser humano continuavam sendo assim e com isso me senti bastante à vontade ao ponto até de conseguir conversar. Ainda no grupo de whatsapp percebi que quem fazia bullying comigo continuou fazendo, quem fingia não ver continuou assim e ainda depois de ser bastante humilhada e sair do grupo vi uma pessoa escrever “pronto, acabou. Ela já saiu”. Como se a pessoa humilhada sendo enxotada fosse a solução do problema. Dessa vez teve um diferencial que foi me chamarem de volta e banirem a pessoa que fez a porcaria (não a do comentário, essa deve achar até hoje que eu não sei de nada). Ali comecei a prestar atenção que nem todo mundo cresceu, algumas pessoas pioraram muito mas outras continuam no meu coração sem nem saber disso. Fui no encontro. Estava com muito medo, mas fui tão bem recebida que saí muito feliz. Mas sempre tem as coisas estranhas: uma pessoa grudou em mim para falar o quanto estava “melhor” que as outras que agora eram gordas e “davam duas dela”, outra pediu desculpas “se um dia falou alguma coisa de mim” porque não lembra (já vou voltar nesse), uma só falava comigo enquanto eu tinha um caderno que queria usar para um trabalho e depois que o queimei ela sumiu e outros estavam tão bem comigo que senti como se fossemos amigos (mas nada de me iludir, cansei disso). Foi um dia bastante positivo. Pude superar alguns medos, mas não pude corrigir nada socialmente. O que sou não tem conserto e não saber conversar ou fazer amizades decentes é algo que me persegue. Meu marido chegou mais para o final da reunião e conversou bastante com um antigo colega meu, disse que tinha gostado bastante da conversa. Senti que podiam ser amigos, até que ele me perguntou se era uma das pessoas que tinha feito algo para mim e eu disse que sim. Ele abortou a ideia na hora. Aí volta aquela coisa: foi a pessoa que se desculpou “se um dia falou alguma coisa de mim”... Eu e outra pessoa concluímos que essa frase foi de alguém que falou mas não sabe se eu soube. Que pena. Lembro que essa pessoa também perguntou se ainda mantinha amizade com alguém que tinha feito mal para mim e eu disse que sim e recebi a resposta “não quero nem saber quem é”. Sempre foi assim. Vocês fechando os olhos, nenhuma punição e todo mundo caindo em cima de mim por haver impunidade completa e nenhuma perda de respeito da parte dos amigos de quem faz isso. Chegou a pandemia e ninguém mais se viu. O grupo estava esvaziando e eu ainda tentava conversar. Notei algo bastante óbvio: quando alguém escrevia qualquer coisa havia interação imediata e quando eu escrevia ficava em silêncio eterno. Tentei várias vezes, mas hoje disse adeus e deixei o grupo. Não sei o que dizer sobre essa experiência. Sei que algumas pessoas ali eu realmente gostaria de ter uma amizade verdadeira porque sei a essência de vocês desde muito cedo e vi que nada mudou, mas num geral o comportamento de manada continua muito parecido. A experiência da reunião só me deu mais vontade de ter amigos próximos e é uma cilada que sempre caio e me machuco. Ter sido destinada a aproveitar só as sobras da vida é bastante ruim, mas às vezes é com isso que devo me conformar.
6 de jul. de 2023
Colégio
quinta-feira, julho 06, 2023
aleatório
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tenho de 70 a 100 visitantes por dia e quase nenhum comentário nas postagens, apenas no meu e-mail.
Acabei achando a sessão inútil de manter. Contato: JulianaOdeiaCafe@gmail.com