O microencapsulamento de substâncias usadas na nutrição animal é um processo no qual moléculas ativas, como vitaminas, minerais, ácidos graxos essenciais e outros nutrientes, são envolvidas por uma matriz protetora. Essa matriz pode ser feita de diferentes materiais, como proteínas, carboidratos ou lipídios. De maneira simplificada, “é uma tecnologia de empacotamento de substâncias em cápsulas extremamente pequenas, a fim de liberar o conteúdo de forma controlada e sob condições específicas” (CARMIGNOLA, 2024).
https://www.btaaditivos.com.br/
COMO É FEITO
De acordo com Sohail et al., 2011, existem três grupos de métodos para produzir os encapsulados:
físico-químicos:
coacervação simples ou complexa (separação de fase aquosa): evaporação emulsão solvente (separação por fase orgânica), emulsão solidificação, envolvimento lipossômico;
métodos físicos: spray drying, spray coating, spray chilling, gelificação iônica, leito fluidizado, extrusão, centrifugação com múltiplos orifícios, co-cristalização, liofilização;
métodos químicos: polimerização interfacial, inclusão molecular.
Dentro desses métodos, várias são as técnicas de encapsulamento de substâncias usadas na nutrição animal, cada uma com suas características e aplicabilidades.
Encapsulamento por Spray Drying (Secagem por Aspersão):
neste método, a substância a ser encapsulada é dissolvida ou dispersa em um solvente e pulverizada em uma câmara de secagem, onde o solvente é removido por evaporação, resultando em partículas sólidas encapsuladas. É uma técnica rápida e econômica, ideal para ingredientes hidrofílicos e termossensíveis.
Encapsulamento por Coacervação Complexa:
polímeros biodegradáveis são combinados para formar uma cápsula ao redor da substância a ser encapsulada. É uma técnica versátil que permite a liberação controlada de nutrientes e maior proteção contra fatores ambientais adversos.
Encapsulamento por Extrusão:
a substância ativa é misturada com um agente encapsulante e processada em um extrusor sob condições de temperatura e pressão controladas. O material fundido é então resfriado e cortado em partículas encapsuladas. É uma técnica eficiente para encapsular ingredientes sensíveis ao calor.
Encapsulamento por Microencapsulação:
esta técnica envolve a formação de uma camada de revestimento ao redor da substância ativa por métodos como coacervação, spray drying ou extrusão. O revestimento protege a substância encapsulada contra oxidação, umidade e interações indesejadas, garantindo uma liberação controlada e uma maior estabilidade.
Encapsulamento por Emulsificação:
a substância a ser encapsulada é dispersa em uma fase líquida contendo um agente emulsificante, que forma gotículas estáveis. A emulsão é então solidificada para formar partículas encapsuladas. É uma técnica adequada para ingredientes lipossolúveis e adaptável para diferentes tamanhos de partículas.
Cada uma dessas técnicas de encapsulamento possui vantagens específicas em termos de proteção, liberação controlada, estabilidade e aplicabilidade a diferentes tipos de substâncias e formas de utilização na nutrição animal. A escolha da técnica mais adequada dependerá das características da substância a ser encapsulada, dos requisitos de formulação do alimento animal e dos objetivos desejados em termos de desempenho e saúde animal.
FUNÇÃO
A finalidade do encapsulamento de substâncias na nutrição animal é fornecer uma forma eficaz e segura de administrar nutrientes essenciais aos animais e proteger as substâncias sensíveis da degradação causada por fatores externos, como a luz, o oxigênio e a umidade, garantindo assim a estabilidade e a eficácia dos nutrientes. Além disso, o processo de encapsulamento pode ajudar a modular a liberação dos nutrientes ao longo do trato digestivo dos animais, permitindo uma melhor absorção e utilização pelo organismo.
Algumas das principais finalidades do encapsulamento são:
Proteção da Substância Ativa:
O encapsulamento protege a substância ativa de fatores ambientais adversos, como umidade, luz, calor e oxigênio, que podem degradar ou inativar os nutrientes.
Máscara de Sabor e Odor:
Em muitos casos, as substâncias utilizadas na nutrição animal possuem sabor ou odor desagradável. O encapsulamento pode ajudar a mascarar essas características, facilitando a aceitação do alimento pelos animais.
Controle da Liberação:
O encapsulamento pode ser projetado para liberar a substância ativa de forma controlada e gradual no trato digestivo dos animais, garantindo uma absorção eficiente e prolongada dos nutrientes.
Melhoria da Estabilidade:
O encapsulamento aumenta a estabilidade das substâncias ativas, melhorando sua vida útil e preservando a eficácia dos nutrientes durante o armazenamento e manipulação.
Facilidade de Administração:
Produtos encapsulados são mais fáceis de manusear e misturar em rações, suplementos ou alimentos para animais, facilitando a administração dos nutrientes.
USO
Os encapsulantes mais utilizados pelas fabricantes são: os Carboidratos (amido, dextrinas, açúcar, celuloses e acetato de ftalato de celulose), as proteínas (glúten, caseína, gelatina, albumina), os Lipídios (mono e diglicerídios, óleos e gorduras), as Gomas (goma arábica, alginato de sódio, carragena) e Quitosana (FACCHI, 2024).
Na alimentação animal, o microencapsulamento é empregado em rações, suplementos e aditivos para garantir a disponibilidade dos nutrientes essenciais de forma contínua e eficiente. Isso contribui para a saúde, o desenvolvimento e o desempenho dos animais, resultando em benefícios como melhoria da imunidade, crescimento adequado e maior eficiência na conversão alimentar.
Suplementos Nutricionais:
Substâncias encapsuladas, como vitaminas, minerais, aminoácidos e ácidos graxos essenciais, são frequentemente adicionadas como suplementos à dieta dos animais para garantir que recebam todos os nutrientes essenciais.
Aditivos Alimentares:
Algumas substâncias encapsuladas, como enzimas digestivas, probióticos e prebióticos, são adicionadas às rações animais como aditivos para melhorar a digestão, a saúde intestinal e a absorção de nutrientes.
Medicamentos Veterinários:
Em alguns casos, medicamentos veterinários são encapsulados para proteger a substância ativa da degradação e para facilitar a administração correta e precisa da dose terapêutica aos animais.
Alimentos Funcionais:
Alimentos funcionais para animais, como snacks ou petiscos enriquecidos com nutrientes específicos, muitas vezes utilizam o encapsulamento para proteger os ingredientes ativos e melhorar sua palatabilidade.
Dieta Especializada:
Em casos de necessidades dietéticas especiais, como em animais com alergias ou sensibilidades alimentares, o encapsulamento pode ser usado para fornecer nutrientes específicos sem comprometer a segurança e a eficácia da dieta.
Facchi (2024) destaca que “O interesse industrial pela tecnologia de microencapsulação deve crescer rapidamente nos próximos anos, uma vez que este método pode levar ao desenvolvimento de produtos com novas propriedades funcionais, mais estáveis e com maior vida útil ao produto.”
CONCLUSÃO
Em resumo, o encapsulamento de substâncias na alimentação animal é uma prática comum e versátil que visa melhorar a qualidade nutricional, a aceitação do alimento e a saúde dos animais, garantindo que recebam os nutrientes de que precisam de forma adequada e eficiente.
REFERÊNCIAS
CARMIGNOLA, Eloisa. Microencapsulados: Tecnologia na Produção de Alimentos. 2024. Disponível em: https://prozyn.com.br/microencapsulados-tecnologia-na-producao-de-alimentos/. Acesso em: 13 ago. 2024.
FACCHI, Caroline. Processos de obtenção de microencapsulados e sua aplicação na nutrição animal. 2024. Disponível em: https://www.btaaditivos.com.br/br/blog/processos-de-obtencao-de-microencapsulados-e-sua-aplicacao-na-nutricao-animal/111/. Acesso em: 13 ago. 2024.
SOHAIL, A.; TURNER, M. S.; COOMBES, A.; BOSTROM, T.; BHANDARI, B.
Survivability of Probiotics Encapsulated in Alginate Gel Microbeads Using a Novel
Impinging Aerosols Method. International Journal of Food Microbiology, v. 145,
n. 1, p. 162-68, 2011.
VANISKI, Rosane; CORTI, Daiane; DRUNKLER, Deisy Alessandra. Técnicas e materiais empregados na microencapsulação de probióticos. 2017. Disponível em: https://periodicos.utfpr.edu.br/rebrapa/article/view/3651. Acesso em: 13 ago. 2024.
