1 de out. de 2024

Desabafo autista II

    As coisas que são pequenas para os outros são um sufoco para mim. Sempre sendo cobrada igual à eles, mas sendo excluída por eles por eu ser assim. Sempre sendo empurrada para me encaixar em uma forma que não tenho.

    Realmente sei o que vim fazer mas sou pressionada de maneira igual com pegadinhas ortográficas para uma pessoa disléxica, com contas valendo quase a nota toda em matérias que tem mais conteúdo que matemática mesmo tendo discalculia… Pressão sem fim para mil trabalhos em grupo que faço todos sozinha porque as pessoas me evitam.

    Cobrada igual.

    Às vezes me sinto até maltratada lá dentro. E realmente, de fato fui por mais de um funcionário. E não exatamente por eu ser autista, mas por arrogância e superioridade alheia.

    Dói.

    Eu faço faculdade porque amo. Quero trabalhar com animais e pesquisa. Sempre foi meu sonho. Eu devia voltar a dormir para viver meu sonho de maneira perfeita ou tentar acordada com essa dor toda?

    Tem sido uma cama de espinhos ardorosos todos os dias, até os que estou sem aula e ainda lembro da pressão dos trabalhos excessivos que se acumulam para fazer com os prazos cada vez mais curtos. Que método é esse? Manter o estudante sempre ocupado para garantir que vai estudar? Isso não funciona. Está me fazendo mal. Ir para a faculdade está me fazendo mal. Lembrar do acúmulo de atividades, da exclusão, da falta de adaptações ou mesmo da ausência proposital de esclarecimento sobre minha condição me faz mal. Sim, proposital. Já ofereci ajudar em alguma semana de conscientização ou qualquer coisa semelhante e me foi negado. O único contato de quase todas as pessoas com informações sobre autismo acabou sendo um pdf que eu fiz para tentar me ajudar e enviei para alunos e professores. Depende de mim me ajudar e esclarecer as coisas pois estou totalmente sozinha ali dentro.

    Estou cansada. Estou triste.

    E por que as pessoas que me procuram para conversar desconversam quando as convido para fazer trabalhos em grupo? Por que os professores que sabem da minha condição ainda colocam "pegadinhas" de leitura nas provas? Por que eu sempre fico sozinha nas crises? Por que os funcionários ignoram minhas mensagens? Por que um monte de porquê....

    Quero ser motivo de orgulho para alguém. Quero ter uma função na vida e por isso estou me apertando tanto para caber em um espaço que não tem minha forma.

    É difícil e dói.


Atualização: algumas horas depois dessa postagem encontro esse texto.

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Acabei achando a sessão inútil de manter. Contato: JulianaOdeiaCafe@gmail.com