Os parâmetros vitais dos equídeos são avaliações clínicas importantes para determinar o estado de saúde dos animais antes do exame físico. Alguns dos principais parâmetros vitais a serem observados incluem:
1 FREQUÊNCIA CARDÍACA
Parte inicial do exame, pois “apesar de não ser obrigatório, é indicado iniciar os exames clínicos pela mensuração da frequência cardíaca, uma vez que ela pode ser alterada pela condição e pelo estresse do animal” (RIBEIRO, 2024). Ribeiro (2024) orienta que “para mensurar a frequência cardíaca, é necessário o estetoscópio [...] e um cronômetro ou um relógio” e que “esse exame sempre deve ser realizado na região torácica esquerda do animal, bem atrás do cotovelo, sendo onde se localiza o coração”. Nesse tipo de exame é possível auscultar as bulhas cardíacas normais e suas alterações, além de reconhecer sopros e outros ruídos.
Sistema cardiovascular equino
Fonte: https://blog.equinovet.com.br/anatomia-e-fisiologia-do-coracao/
1.1 SAUDÁVEL
Deve-se contar as batidas do coração por um minuto durante a auscultação. Para equinos, a frequência cardíaca considerada normal varia de 30 a 40 batimentos por minuto. No entanto, potros recém-nascidos podem apresentar uma frequência cardíaca de 40 a 80 batimentos por minuto, e nos primeiros dias de vida, pode chegar a 70 a 100 batimentos por minuto (MARTINS; ZITKOSKI; TEIXEIRA; BATTISTI; BRAZ, 2022).
Alguma literaturas trazem diferentes valores para essas medidas, como, por exemplo, Zago (2020) cita que “nos cavalos, a pulsação normal em descanso por minuto pode variar de 28 a 42 batimentos” e acrescenta que “nos potros em descanso as pulsações podem variar de 40 a 58 [...] nos recém-nascidos, a frequência pode ir de 60 a 110 batimentos por minuto”. Assim como em humanos, os batimentos cardíacos podem variar de acordo com a atividade física presente na vida do indivíduo, tamanho e até mesmo a raça do animal. Por essas razões é necessário estar informado e atualizado sobre todas as suas peculiaridades antes de examinar o animal.
1.2 ALTERADA
O batimento irregular do coração chama-se arritmia e é uma condição comum nos equinos. “É causada por uma má-formação congênita e, por ser silenciosa, pode demorar a ser diagnosticada” (BLOG DO MUNDO VETERINÁRIO , 2023).
1.2.1 Aumentada
Taquicardia é quando os batimentos do coração apresentam-se acelerados. Batimentos elevados podem ser um indicativo de que o animal está sentindo dor, hipovolemia e endotoxemia (MARTINS; ZITKOSKI; TEIXEIRA; BATTISTI; BRAZ, 2022). Icterícia somada com taquipneia (respiração acelerada), taquicardia, edema ventral, trombocitopenia, petéquias nas membranas mucosas, epistaxe (sangramento nasal) ou fezes manchadas com sangue podem ser uma série de fatores que apontam para anemia infecciosa equina (THE CENTER FOR FOOD SECURITY & PUBLIC HEALTH et al, 2009). Também pode ser indicativo de: situações estressantes (como o transporte ou mudanças no ambiente), febre e desidratação (pois a falta de água pode levar a um aumento na frequência cardíaca do cavalo).
Fonte: https://www.criacaodecavalos.com.br/principais-racas-de-cavalo
Durante o exercício físico, a frequência cardíaca do cavalo aumenta para fornecer oxigênio e nutrientes aos músculos em atividade. É importante ressaltar que cavalos em treinamentos podem chegar a 180 a 240 batidas por minuto em provas de galope, por exemplo (BLOG PARA PROFISSIONAIS DO AGRONEGÓCIO E VETERINÁRIA, 2022).
1.2.2 Diminuída
A bradicardia é a diminuição da frequência cardíaca e pode ser indicativa de diferentes condições, como: hipotermia, problemas cardíacos (arritmias ou bloqueios cardíacos), distúrbios hormonais (como hipotiroidismo), exaustão (cavalos excessivamente exaustos ou cansados podem apresentar bradicardia devido à fadiga muscular e esgotamento físico), efeito de medicamentos (como sedativos ou anestésicos) e hipoxemia (baixos níveis de oxigênio no sangue).
2 FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA
Sobre a localização do exame de ausculta dos pulmões, de acordo com Thomassian (2005):
“Semiologicamente, os pulmões podem ser identificados por auscultação, nas diversas áreas correspondentes a linha imaginária traçada do olécrano a tuberosidade do osso neo, e marginada em sentido ventral-dorsal e crânio-caudalmente, pela borda cranial da décima sétima costela ou décimo quarto ao décimo sexto espaço intercostal; ou, ainda, pelos seguintes referenciais:1. Dorsal: delimitado pelas extremidades das apófises transversas das vértebras torácicas.2. Dorso-ventral anterior: pela linha que passa entre a borda dorsal posterior da escápula e a extremidade do olécrano.3. Limite ventral: demarcado por uma linha reta iniciada a aproximadamente 10 cm no sentido ventro-dorsal da tuberosidade do olécrano em direção a borda superior da tuberosidade do osso neo até o 14° ao 16° espaço intercostal, desse ponto traça-se outra linha reta até a origem da última costela."O exame visual da frequência respiratória pode ser feito da seguinte forma: “deve ser avaliada durante 60 segundos, sendo realizada observação tátil e visual da inspiração e expiração através do movimento das narinas e arqueamento das costelas” (MARTINS; ZITKOSKI; TEIXEIRA; BATTISTI; BRAZ, 2022).
2.1 SAUDÁVEL
Para medir a frequência respiratória de um equino, é preciso mantê-lo em repouso e à temperatura ambiente. O cálculo é feito com o número de respirações em 15 segundos, multiplicado por 4, resultando nas respirações por minuto. De acordo com Martins, Zitkoski, Teixeira, Battisti e Braz (2022), “os parâmetros fisiológicos são de 8-16 movimentos por minuto” e em potros, de 60-70 mpm (CRUZ; ALFONSO; LOURENÇO; CHIACCHIO, 2015).
Feonte: https://www.equinvest.es/pt/2019/10/03/problemas-respiratorios-no-cavalo/
2.2 ALTERADA
O termo médico para falta de ar (respiração lenta) é dispneia e o seu inverso (aceleração e intensificação dos movimentos respiratórios) é a hiperpneia. Nos cavalos, a dispneia e hiperpneia podem indicar doença pulmonar obstrutiva crônica (THOMASSIAN, 2005). São muitos os sinônimos pelos quais essa doença é conhecida, como: enfisema crônico, bronquite crônica, bronquiolite crônica e obstrução de fluxo de ar recorrente (THOMASSIAN, 2005).
2.2.1 Aumentada
“Em equinos a frequência respiratória aumenta na presença de dor, acidose metabólica e por compressão do diafragma, estas alterações podem ocorrer em quadros de síndrome cólica ou timpanismo” (MARTINS; ZITKOSKI; TEIXEIRA; BATTISTI; BRAZ, 2022). A partir da respiração ofegante de um cavalo (juntamente com os sintomas de cansaço, inchaço, baixa circulação e espuma em demasia na boca) pode-se suspeitar de insuficiência cardíaca (BLOG DO MUNDO VETERINÁRIO , 2023).
Também podem manifestar hiperpneia a doença pulmonar crônica (DPC), pneumonia, doença do trato respiratório superior (como resfriados ou sinusite), exercício intenso (levando a dificuldades respiratórias pós-esforço) e outras condições pulmonares como enfisema equino e bronquite.
Fonte: https://gifer.com/pt/5ZMX
2.2.2 Diminuída
A dispneia em cavalos, que é a dificuldade respiratória, pode ser indicativa de várias doenças e condições. A tromboflebite jugular possui um dos sinais clínicos, que é a falta de ar, além de outros, como cansaço, apatia, aumento dos tecidos próximos à região com trombose e alteração no ritmo dos batimentos (BLOG DO MUNDO VETERINÁRIO , 2023).
Outras das possíveis causas de dispneia em cavalos incluem: doenças respiratórias (pneumonia, bronquite, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), influenza equina…), colapso traqueal, edema pulmonar, insuficiência cardíaca, anemia severa (a diminuição significativa nos níveis de hemoglobina pode afetar a capacidade do sangue de transportar oxigênio, levando à dispneia) e doenças neuromusculares, como miopatia e neuropatia, que podem afetar os músculos respiratórios do cavalo, causando dificuldades respiratórias.
3 MUCOSA OCULAR
Observar regularmente os olhos do cavalo para detectar qualquer alteração é essencial para garantir a saúde ocular.
Turgor de pele, globo ocular e hidratação de mucosa são parâmetros para avaliar o grau de hidratação do animal (RIBEIRO, 2024). Deve-se também observar se há vermelhidão (sinal de inflamação, irritação ou presença de algum corpo estranho no olho), a opacidade na córnea (causada geralmente por úlceras ou outras lesões) e a própria presença de úlceras ou lesões visíveis que podem ser causadas por trauma, infecções ou doenças oculares.
Fonte: https://pt.vecteezy.com/foto/23181061-olho-do-uma-cavalo-com-laranja-e-preto-pintura-em-isto-fechar-acima-ai-generativo-imagem
3.1 SAUDÁVEL
A conjuntiva é uma membrana transparente que reveste a parte interna das pálpebras e a esclera é a parte branca do olho. Em um olho saudável, a conjuntiva deve ser rosada e úmida, sem sinais de inflamação, inchaço ou secreção. A esclera deve ser branca e sem vasos sanguíneos visíveis.
Em um olho saudável devemos ter todas as partes funcionando adequadamente e nem com muita ou pouca mucosa. A córnea deve ser clara, sem opacidades, úlceras ou lesões. Deve refletir a luz de maneira uniforme. A pupila deve responder adequadamente à luz, contraindo-se em resposta à luz intensa e dilatando-se em condições de pouca luz. O humor aquoso é o líquido claro que preenche a parte frontal do olho. Em um olho saudável, a câmara anterior (espaço entre a córnea e a íris) deve ser clara e livre de inflamação ou opacificação. O cristalino é a lente natural do olho e este deve ser transparente e flexível, permitindo o foco adequado. A zônula ciliar, que conecta o cristalino à íris, deve estar íntegra e funcionando corretamente. Em um olho saudável, a retina deve ser rosa-claro e o nervo óptico deve ter uma coloração rosada saudável.
3.2 AUMENTADA
A secreção excessiva nos olhos pode indicar infecção ou irritação e o inchaço da conjuntiva pode ser causado por inflamação ou infecção. A mucosa ocular aumentada em cavalos pode indicar várias condições, incluindo as seguintes doenças: uveíte equina (também conhecida como "olho de cereja", que é uma inflamação dolorosa da úvea e pode causar aumento da mucosa ocular, lacrimejamento e sensibilidade à luz), conjuntivite (inflamação da conjuntiva que pode levar ao aumento da mucosa ocular, vermelhidão e secreção ocular), infecção ocular (bacteriana, viral ou fúngica nos olhos do cavalo podem levar a sintomas como aumento da mucosa ocular, secreção purulenta e vermelhidão) e glaucoma (aumento da pressão intraocular). Outros fatores podem ser traumas oculares e a presença de algum corpo estranho no olho (FISTVET, 2024).
Fonte: https://pt.wikihow.com/Tratar-Problemas-Oculares-em-Cavalos
3.3 DIMINUÍDA
A diminuição da mucosa ocular em cavalos pode ser um sinal de desidratação, anemia, choque ou outras condições médicas que afetam a circulação sanguínea e oxigenação dos tecidos. O ressecamento e enrugamento da pele são sinais de desidratação em equídeos. A pele normal é elástica e volta rapidamente à posição normal quando pinçada. Os principais parâmetros para avaliação da hidratação incluem turgor da pele, aspecto dos globos oculares e hidratação das mucosas (RIBEIRO, 2024).
Alguma causas da diminuição na mucosa dos olhos podem ser: desidratação (a membrana mucosa que reveste o olho parece mais seca), anemia (condição na qual o corpo não tem glóbulos vermelhos saudáveis o suficiente para transportar oxigênio de maneira eficaz para os tecidos do corpo; pode resultar em uma diminuição do suprimento de oxigênio para os tecidos, incluindo a região ocular, o que pode afetar a mucosa dos olhos) e até choque (é uma condição grave que ocorre quando o corpo não está recebendo fluxo sanguíneo suficiente para manter o funcionamento adequado dos órgãos) (SVARTSJÖ, 2016).
4 MUCOSA ORAL
O exame semiológico da mucosa oral do cavalo é uma parte importante da avaliação clínica e pode fornecer informações valiosas sobre a saúde geral do animal. Algumas doenças que podem ser diagnosticadas ou suspeitas através do exame da mucosa oral incluem: anemia, inflamações, parasitas, infecções, doenças sistêmicas e reações alérgicas.
Fonte: https://premix.com.br/blog/dente-de-cavalo/
4.1 SAUDÁVEL
As mucosas de um cavalo saudável são geralmente rosadas, úmidas e têm um tempo de preenchimento capilar (TPC) inferior a 2 segundos. Uma mucosa de coloração normal chama-se normocorada.
4.2 ALTERAÇÕES
Alterações na cor, textura ou umidade das mucosas podem indicar problemas sistêmicos subjacentes, como insuficiência cardíaca, desidratação ou doença renal.
Através da olfação pode-se identificar algumas alterações como tártaro, corpo, afecções periodontais e respiratórias e alterações metabólicas do sistema digestivo.
4.2.1 Cor
É importante observar a cor da mucosa. De acordo com o Grupo de Estudos de Equinos da Universidade São Judas Tadeu do Campus Unimonte (2021): a cor rosa clara semelhante a "chiclete" indica boa saúde, mucosa icterícia (amarelada) pode indicar problemas hepáticos, como dificuldade na filtragem da bilirrubina e também pode ser causada por doenças como leptospirose e babesiose. A palidez das mucosas pode indicar anemia, que pode ser causada por perda de sangue, deficiências nutricionais ou doenças subjacentes ou mesmo hipovolemia (GORINO; FERRI, 2021), mucosas cianóticas (azuladas), que apontam para baixa volemia e choque sistêmico, podendo estar relacionadas a problemas cardíacos ou respiratórios avançados (halos azulados ao redor dos dentes podem ser observados) e, por último, presença de vermelhidão, inchaço ou úlceras nas mucosas pode indicar inflamação localizada, como estomatite e glossite (TOMA; CARVALHO; CARVALHO; CRUZ, 2020).
4.2.2 Outros fatores
Mucosas congestionadas, que podem podem ser resultado de inflamações, infecções, desidratação severa, endotoxemia bacteriana, choque tóxico, choque cardiovascular ou envenenamento (GRUPO DE ESTUDOS EQUINOS, 2024).
Também se avalia se as mucosas estão úmidas e bem hidratadas, pois mucosas secas podem indicar desidratação, o tempo de retorno capilar (pressionando levemente a mucosa com o dedo e observando quanto tempo ela leva para recuperar a cor original; esse tempo pode indicar o estado de perfusão sanguínea do animal), textura (que deve ser lisa e brilhante, sem lesões, feridas ou áreas avermelhadas que possam indicar inflamação), sangramentos e observar se há inchaços, secreções anormais, feridas, alterações de textura ou qualquer outra característica incomum na mucosa.
O ressecamento e enrugamento da pele são sinais de desidratação em equídeos. A pele normal é elástica e volta rapidamente à posição normal quando pinçada. Os principais parâmetros para avaliação da hidratação incluem turgor da pele, aspecto dos globos oculares e hidratação das mucosas.
Por fim, é importante verificar a anatomia e mucosa nasal nesse momento, levando em consideração se há alguma anormalidade, como sangramentos ou mesmo papilomas, que “são relativamente frequentes nos potros e cavalos jovens e podem aparecer, além das narinas, também nos lábios” (THOMASSIAN, 2005).
Úlceras, placas ou lesões na mucosa oral podem ser causadas por infecções virais, fúngicas ou bacterianas, como a estomatite viral ou candidíase oral. A presença de lesões, nódulos ou parasitas visíveis na mucosa oral pode indicar infestações parasitárias, como a habronemose oral. Urticária, edema ou prurido na mucosa oral podem indicar reações alérgicas a alimentos, medicamentos ou substâncias ambientais (HEPPALÄÄKÄRI, 2024).
5 AUSCULTAÇÃO ABDOMINAL
Após os exames de palpação e percussão, a auscultação abdominal é uma técnica não invasiva para avaliar a motilidade intestinal. Os sons abdominais podem indicar a atividade do trato gastrointestinal e a presença de gás na ingesta. Sons fracos estão relacionados à mistura da ingesta, enquanto burburinhos indicam propulsão da ingesta.
Teixeira (2024) orienta fazer o exame da seguinte maneira:
“De forma geral, quanto aos sons referentes ao movimento propulsivo da ingesta, podem ser audíveis apenas 1 vez em 2 a 4 minutos, se o animal não tiver sido alimentado recentemente.O primeiro local para se realizar a motilidade é no quadrante superior esquerdo, próximo a ponta da cana, acima da anca do animal, onde se vai auscultar o intestino delgado. Com o estetoscópio, auscute a passagem da ingesta. Ela é identificada por apresentar um barulho que remete a um barulho de um trovão que ocorre de tempos em tempos. Nele não tem um tempo exato necessário para auscultar; é preciso verificar se há ou não a motilidade. Em seguida, passe para o quadrante inferior esquerdo descendo até a região do flanco do animal para auscultar o cólon maior à esquerda, da mesma forma que o quadrante superior. Repita essa operação no quadrante superior direito, onde devemos auscultar a passagem da ingesta, como no lado esquerdo. Mas, nesse lado, devemos auscultar também o ceco. Por isso, é necessário um cronômetro, para auscultar por 5 minutos os barulhos da prega ileocecal, que é um barulho que remete água entrando pelo ralo. O número de descargas ileocecal consideradas normais em equinos são de 2 a 4 descargas a cada 5 minutos. Nesse local, é necessário também realizar a ausculta intestinal e passar para o quadrante inferior direito o corpo do ceco do animal, que fica localizado um pouco abaixo. Nele, deve-se auscultar os burburinhos, como no lado esquerdo.”
De acordo com Ribeiro (2024): “a auscultação abdominal permite a detecção de dois tipos de sons abdominais: sons mais fracos (associados às contrações intestinais que promovem a mistura da ingesta) e [...] mais audíveis ([...]associados ao peristaltismo progressivo que promove a propulsão da ingesta)”. FEITOSA (2014) relata que: “a intensidade e a frequência dos ruídos intestinais de um animal sadio podem variar pelo tipo, quantidade e tempo de alimentação e motilidade intestinal” e ainda acrescenta que “animais sem alimento há 24 h apresentam diminuição significativa dos ruídos intestinais à ausculta”.
Fonte: https://blog.ortovet.com.br/grandes-animais/colica-em-equinos/
Em casos de timpanismo pode se auscultar ruídos metálicos ressonantes em toda a cavidade abdominal, não sendo classificados como motilidade aumentada ou diminuída, mas tendo bastante importância clínica (MARTINS; ZITKOSKI; TEIXEIRA; BATTISTI; BRAZ, 2022).
5.1 MOTILIDADE AUMENTADA
No início de quadros de timpanismo intestinal ou obstruções simples ou estrangulantes a motilidade pode se apresentar mais rápida (Feitosa, 2014) sendo chamada de hipermotilidade.
A cólica é uma das principais causas de motilidade abdominal aumentada em cavalos. Pode ser causada por uma variedade de fatores, incluindo obstruções intestinais, torção intestinal, impactação, inflamação ou distúrbios gastrointestinais, seguida da enterite, que é a inflamação do intestino delgado e pode ser causada por infecções bacterianas, virais, parasitárias, intoxicações alimentares ou reações alérgicas. A inflamação resultante pode levar a um aumento da motilidade abdominal (JOKISALO, 2020).
A gastrite é a inflamação do revestimento do estômago e pode ser causada por estresse, dieta inadequada, administração de certos medicamentos ou infecções. A irritação gástrica pode levar a uma resposta de aumento da motilidade abdominal, assim como a ingestão de alimentos contaminados, plantas tóxicas ou substâncias estranhas (JOKISALO, 2020).
A colite é a inflamação do cólon e pode ser causada por infecções, dieta inadequada, distúrbios autoimunes ou reações alérgicas (JOKISALO, 2020).
5.2 MOTILIDADE DIMINUÍDA
Hipomotilidade é o nome dado para a motilidade mais baixa do intestino. A diminuição nos sons gastrointestinais pode estar relacionada com a dor. De acordo com Feitosa (2014), “a dor é a principal responsável pela diminuição dos ruídos intestinais; portanto, quase todos os mecanismos fisiopatológicos desencadeantes de uma síndrome cólica vão diminuí-los”. Entre as razões da diminuição de ruído pode-se incluir cólicas, obstrução, duodenite/jejunite proximal, disautonomia, sepse, peritonite, dor e inflamação intra ou extra-peritoneal e endotoxemia.
A motilidade abdominal diminuída em cavalos pode ser um sinal de diversas condições e doenças, incluindo cólicas, obstruções intestinais, torção intestinal, inflamação do trato gastrointestinal, laminites, infecções abdominais, entre outras.
Fonte: https://br.pinterest.com/pin/3799980923641958/
A cólica, além de aumentar, também pode diminuir a motilidade intestinal. As obstruções intestinais causam bloqueio no trato gastrointestinal, que impede a passagem adequada de alimentos e líquidos, causando diminuição da motilidade. A torção intestinal é uma emergência médica que ocorre quando uma parte do intestino se torce sobre si mesma, comprometendo o fluxo sanguíneo e a motilidade intestinal (JOKISALO, 2020).
Além dessas também podemos suspeitar de inflamação do trato gastrointestinal (enterite, colite ou gastrite) e peritonite, que podem afetar a motilidade intestinal e causar sintomas como dor abdominal e desconforto (JOKISALO, 2020).
6 TEMPERATURA
A aferição regular da temperatura de um cavalo é fundamental para monitorar sua saúde e bem-estar, pois é um dos sinais vitais mais importantes a serem monitorados em cavalos, já que ajuda a detectar precocemente sinais de doença ou problemas de saúde. Recomenda-se que a temperatura do animal seja medida com um termômetro digital de rápida leitura e lubrificado antes de ser introduzido no ânus do cavalo.
6.1 NORMAL
“A temperatura ideal de um cavalo adulto é em torno de 37ºC e 38°C, e de potros nos primeiros dias de vida pode variar entre 37°C a 39°C” (BLOG PARA PROFISSIONAIS DO AGRONEGÓCIO E VETERINÁRIA, 2022). Qualquer variação significativa para além desses valores pode indicar a presença de um problema de saúde que requer atenção veterinária.
6.2 ALTA
A alta temperatura no corpo de um animal é conhecida como hipertermia e o caso preocupante (febre) como pirexia e pode ser indicativo de diversas enfermidades. De acordo com o site de produtos agropecuários Agroline (2017): "a hipertermia pode ser causada pelo exercício, anidrose (a incapacidade parcial ou total de produzir suor) e reações a determinadas toxinas ou drogas” e completa que “hipertermia severa é conhecida como insolação". Lembrando que as febres verdadeiras não irão embora completamente até que o estímulo subjacente tenha sido resolvido (AGROLINE, 2017). Cavalos com hipertermia devem ser tratados com banhos de água fria e colocados na sombra em dias quentes (AGROLINE, 2017).
Fonte: https://www.criacaodecavalos.com.br/febre-do-nilo-em-equinos-que-doenca-e-essa
É importante lembrar que a febre em cavalos não é uma doença em si, mas sim um sintoma de que algo não está certo no organismo do animal. Deve-se observar e somar os sinais clínicos com a febre para diagnosticar com maior precisão o problema do animal. Alguns dos problemas mais comuns que podem levar a febre em cavalos incluem: infecções bacterianas (pneumonia, infecções urinárias, infecções articulares ou outras infecções sistêmicas), infecções virais (influenza equina, arterite viral equina, herpesvírus equino…), doenças parasitárias (babesiose, erlichiose e outras doenças transmitidas por carrapatos), inflamações (laminite, cólica, artrite…), reações alérgicas (alergias a insetos, alimentos ou medicamentos) e até mesmo processos neoplásicos (algumas doenças como linfomas e câncer podem causar febres) (CENTRO FINLANDÊS DE INFORMAÇÕES SOBRE CAVALOS, 2024).
6.3 BAIXA
Alguns dos problemas mais comuns que podem levar à hipotermia (baixa temperatura) em cavalos incluem: insuficiência renal ou hepática (quando os órgãos responsáveis pela regulação da temperatura do corpo não estão funcionando corretamente), choque, desidratação severa (pode afetar a capacidade do corpo de regular a temperatura adequada), doenças endócrinas (como hipotireoidismo ou insuficiência adrenal), pouca gordura corporal, intoxicações (envenenamento por certas substâncias tóxicas), hipoglicemia e condições neurológicas.
O site de equipamentos veterinários TradeVet (2024) afirma que além dos citados, pode se dar também devido a outros fatores, como:
“Temperatura ambiente muito baixa (inverno, umidade, vento, frio). Termorregulação prejudicada como em neonatos (filhotes), animais idosos, animais com [...] disfunção do hipotálamo. Animais doentes, debilitados ou com lesões extensas favorecendo a perda de calor. Animais muito pequenos. [...] Idade muito avançada. Anestesias e procedimentos cirúrgicos.”
Fonte: https://br.freepik.com/vetores-premium/veterinaria-examinando-um-cavalo_17766889.htm
Os exames semiológicos em cavalos são de extrema importância para avaliar a saúde e o bem-estar do animal. Através da observação cuidadosa de sinais clínicos como temperatura corporal, frequência cardíaca, frequência respiratória, mucosas, aparência geral, entre outros, é possível identificar possíveis problemas de saúde precocemente.
Ao comparar todos os sinais clínicos obtidos durante a avaliação, os veterinários podem traçar um perfil completo da condição do cavalo e assim chegar a um diagnóstico mais preciso. A combinação dos sinais clínicos observados com histórico médico, exames complementares e testes laboratoriais ajuda a determinar a causa subjacente dos sintomas apresentados pelo animal.
A realização de exames semiológicos e a comparação detalhada de todos os sinais clínicos são fundamentais para orientar o diagnóstico correto e estabelecer um plano de tratamento eficaz para garantir a saúde e o bem-estar dos cavalos.
REFERÊNCIAS
AGROLINE. Febre em cavalos: por que acontece e como tratar. 2017. Disponível em: https://blog.agroline.com.br/febre-em-cavalos-por-que-acontece-e-como-tratar/. Acesso em: 22 ago. 2024.
BLOG DO MUNDO VETERINÁRIO. Diagnóstico das principais doenças cardiorrespiratórias em equinos. 2023. Disponível em: https://www.shopveterinario.com.br/blog/doencas-cardiorrespiratorias-em-equinos/#:~:text=Arritmia,fraqueza%20e%20cansa%C3%A7o%20em%20excesso.. Acesso em: 21 ago. 2024.
BLOG PARA PROFISSIONAIS DO AGRONEGÓCIO E VETERINÁRIA. Conheça os principais sinais vitais de equinos e saiba como aferi-los. 2022. Disponível em: https://www.cptcursospresenciais.com.br/blog/sinais-vitais-de-equinos/#:~:text=Temperatura%20Corporal&text=Valores%20de%20refer%C3%AAncia%3A%20A%20temperatura,indicar%20estresse%20t%C3%A9rmico%20ou%20febre.. Acesso em: 22 ago. 2024.
CENTRO FINLANDÊS DE INFORMAÇÕES SOBRE CAVALOS. Hevosen ruumiinlämpötila. 2024. Disponível em: https://hevostietokeskus.fi/i/terveys/anatomia-ja-fysiologia/hevosen-ruumiinlampotila. Acesso em: 22 ago. 2024.
CRUZ, Raíssa Karolliny Salgueiro; ALFONSO, Angélica; LOURENÇO, Maria Lúcia Gomes; CHIACCHIO, Simone Biagio. AVALIAÇÃO DOS PADRÕES DE VITALIDADE DO NEONATO EQUINO – REVISÃO DE LITERATURA. 2015. Revista Veterinária e Zootecnia. Disponível em: https://rvz.emnuvens.com.br/rvz/article/view/864. Acesso em: 21 ago. 2024.
FEITOSA, Francisco Leydson F.. Semiologia Veterinária: a arte do diagnóstico. 3. ed. Araçatuba/Sp: Roca, 2014. 1406 p.
FISTVET. Hevosen silmätulehdus. 2024. Disponível em: https://firstvet.com/fi/artikkeleita/hevosen-silmatulehdus. Acesso em: 21 ago. 2024.
GORINO, Ana Claudia; FERRI, Alfredo Poci. O que a coloração pálida das mucosas dos potros pode indicar? 2021. Disponível em: https://cavalus.com.br/saude-e-bem-estar/o-que-a-coloracao-palida-das-mucosas-dos-potros-pode-indicar/. Acesso em: 21 ago. 2024.
GRUPO DE ESTUDOS EQUINOS. Universidade São Judas Tadeu, Campus Unimonte. Coloração das mucosas em equinos. 2021. Disponível em: https://web.facebook.com/gequs.sjt/posts/colora%C3%A7%C3%A3o-das-mucosas-em-equinos-%EF%B8%8Ea-colora%C3%A7%C3%A3o-normal-das-mucosas-%C3%A9-r%C3%B3sea-um-rosa/173632068169725/?_rdc=1&_rdr. Acesso em: 21 ago. 2024.
HEPPALÄÄKÄRI. Vanhan hevosen hoito. 2017. Disponível em: https://www.heppalaakari.fi/vanhan-hevosen-hoito/. Acesso em: 21 ago. 2024
JOKISALO, Jonna. Hyvinkään Hevossairaalan eläinlääkäreiden julkaisemia artikkeleita. 2020. Disponível em: https://www.hyvinkaanhevossairaala.fi/artikkelit. Acesso em: 21 ago. 2024.
MARTINS, Eduarda; ZITKOSKI, Eduarda; TEIXEIRA, Jullia Sehorek; BATTISTI, Rutieli; BRAZ, Paulo Henrique. Semiologia do sistema digestório dos equinos. 2022. Disponível em: chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://downloads.editoracientifica.com.br/articles/220909924.pdf. Acesso em: 21 ago. 2024.
RIBEIRO, Eduardo Silva. Parâmetros vitais dos equídeos. 2024. Disponível em: https://www.cpt.com.br/artigos/parametros-vitais-dos-equideos. Acesso em: 21 ago. 2024.
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