Conhecido no Brasil como O Cemitério e os filmes que adaptaram o livro como O Cemitério Maldito (tradução as vezes é uma porcaria mesmo), Pet Sematary seria melhor traduzido como algo semelhante a "Cemitário" de Animais (escrito de maneira errada mesmo, por se tratar de um cemitério improvisado para bichos de estimação feito por crianças).
A sinopse oficial descreve o livro como:
Louis Creed, um jovem médico de Chicago, acredita que encontrou seu lugar em uma pequena cidade do Maine. A boa casa, o trabalho na universidade e a felicidade da esposa e dos filhos lhe trazem a certeza de que fez a melhor escolha. Num dos primeiros passeios pela região, conhecem um cemitério no bosque próximo à sua casa. Ali, gerações de crianças enterraram seus animais de estimação. Mas, para além dos pequenos túmulos, há um outro cemitério. Uma terra maligna que atrai pessoas com promessas sedutoras. Um universo dominado por forças estranhas capazes de tornar real o que sempre pareceu impossível. A princípio, Louis Creed se diverte com as histórias fantasmagóricas do vizinho Crandall. No entanto, quando o gato de sua filha Eillen morre atropelado e, subitamente, retorna à vida, ele percebe que há coisas que nem mesmo a sua ciência pode explicar. Que mistérios esconde o cemitério dos bichos? Terá o homem o direito de interferir no mundo dos mortos? Em busca das respostas, Louis Creed é levado por uma trama sobrenatural em que o limite entre a vida e a morte é inexistente. E, quando descobre a verdade, percebe que ela é muito pior que seus mais terríveis pesadelos. Pior que a própria morte - e infinitamente mais poderosa.
https://www.pinterest.es/pin/383298618263987395/
A tradução em português do livro já deixa bastante a desejar com coisas como "fita de goma" no lugar de "fita adesiva"...
Possui adaptações em quadrinhos (nenhuma de grande relevância) e duas adaptações cinematográficas, sendo a primeira delas chamada no Brasil de O Cemitério Maldito cultuada como um clássico do cinema de terror lançado em 1989.
Não tenho lembranças de ter assistido ao filme por mais que eu seja uma pessoa dos anos 90 e lembrar que muito ele passou na televisão por realmente ser um clássico. De certa maneira acho legal que vou conhecer o filme após a leitura do livro.
https://stringfixer.com/pt/Pet_Sematary_(1989_film)
Durante a história do livro existem algumas referências à banda Ramones e uma curiosidade interessante a respeito do primeiro filme feito baseado neste livro é que a própria banda citada "retribuiu o favor" de serem muito citados durante a história e fizeram a trilha sonora da película. O clipe deles é bastante brega e a letra bem fraca, mas ficou legal ver essa interação no mundo real entre o autor e a banda.
♫"I don't want to be buried in a pet sematary"♪... Só se você for o pet de alguem...
[Atualizando]: Agora eu assisti ao primeiro filme e ainda soube que teve uma sequência (desnecessário e nem vou ver). Eu nem sei se recomendo ver o filme e depois ler o livro porque parece que o filme arranca as páginas do livro e as joga para cima de tão corrido e resumido... Fora que um personagem foi substituído sem nenhuma necessidade. Ficou tão superficial que ninguém tem relação alguma trabalhada com ninguém e nada muda nada. É só um "curta longo" bem frenético em quantidade de informações remendadas. Até no espaço de tempo dentro do filme é correria que nem se preocupa em mostrar as estacoes do ano como passagem de tempo ou o menino crescer por exemplo. Ficou tudo muito remendado e sem profundidade. Se quiser odiar o filme é só ler o livro antes!
O segundo filme baseado neste mesmo (2019) livro (não estou falando da sequencia do filme anterior) é um remake do primeiro filme e teve o título traduzido ainda como O Cemitério Maldito no Brasil. Logo nos cartazes eu vi imagens de umas crianças com cabeças de animais e isso não tem no livro, acredito que essa segunda versão seja bem diferente da história original. Espero assistir os dois agora que conheço a fonte.
https://www.adorocinema.com/filmes/filme-178703/
[Atualizando]: Agora assisti ao remake e posso dizer que apenas "bebeu da fonte" do livro e tentou recriar a história a partir disso. É bastante diferente em alguns desfechos e foca muito mais em outros personagens. Acaba sendo uma versão alternativa da história.
O livro está classificado como terror, mas eu diria que só do quarto final para frente que ele toma esse rumo. Perde-se muito tempo descrevendo dias comuns em família, cansaço do trabalho, sonhos perdidos e até mesmo certo arrependimento do personagem protagonista em relação ao seu casamento e filhos. Isso deixa o livro com o ritmo muito arrastado para quem queria mesmo chegar na parte de suspense ou mesmo qualquer coisa que não seja cotidiano! Foi muita enrolação para realmente começar a contar uma história, poderia ser diminuído a muito menos da metade ou mesmo ser um bom conto caso o autor simplificasse e retirasse toda essa parte que pouco acrescenta. Deu para ter uma boa noção de como é ter uma casa e filhos, mas não era essa minha intenção ao começar a história!
Temos personagens pouco desenvolvidos e pouquíssimo descritos. Sabemos que a cor dos olhos do protagonista é castanho, a cor dos olhos da esposa é preto, a filha tem cabelo loiro ficando escuro e o filho é loiro de olhos azuis... Fica muita margem para imaginar como quiser ou mesmo escalar qualquer ator numa adaptação. As pessoas têm pouquíssima descrição física e eu terminei o livro sem saber a cor do gato, apenas que ele tem olhos verde amarelados! O gato... Um personagem que eu queria um desenvolvimento bem maior e talvez até um conto solo! Tem que ler para entender as razões.
Até nas adaptações pode-se escalar qualquer ator para ser o gato!
https://lanetaneta.com/10-cambios-que-estamos-anticipando-en-el-nuevo-sematary-de-mascotas/
Aaaa.... Mas isso ali não é um gato, mas fala de um cachorro bem conhecido logo no início do livro: Cujo. ele é citado de forma bem indireta como um animal que deu um surto de raiva e matou algumas pessoas. Stephen King citando Stephen King.
Toda a bobagem na vida do protagonista começa com trazer esse bendito gato de volta à vida, mas eu sinceramente acredito ter qualquer coisa dentro desse gato e não realmente o espírito do animal que antes estava ali! Temos um zumbi simpático e muito mal cheiroso que só leva maus tratos depois de ressuscitado. Fiquei bem revoltada ao ver que ele leva mais chutes que qualquer coisa depois de atravessar o além e estar de volta, o carinho acabou? Mas de fato... Isso aí não é um gato!
A história claramente deixa margens para acreditar que trata-se da aceitação da morte em muitos trechos: a morte de idosos quando chegam ao fim da vida, de uma criança no começo da vida, de um jovem no meio da vida e de um animal de estimação super amado. Cada parte sendo bem trabalhada com pontos de vista diferentes muito bem debatidos. Dentro da história ainda mostra o trauma e tabu sobre abordar tal assunto e mesmo como superá-los e até apresentar o tema para uma criança. A obra é quase um guia de aceitação para a parte inevitável da vida, com formas de interpretação e superação da mesma.
Quando os personagens mortos são trazidos de volta à vida, nada lembram o que realmente eram. O gato fica sempre ausente e parece nem saber controlar seus movimentos direito, um homem que foi trazido de volta não tem a mesma personalidade ou lembranças de quando estava vivo, a criança fica psicopata... Questiono-me o que estava dentro desses corpos mortos levantados no cemitério, já que todos são absolutamente outras coisas. Seres de uma realidade paralela tomando esses corpos? O cara que levantou mesmo chega a chamar a atenção por saber coisas que ele nem estava nos lugares antes, seria um espírito vagante que tomou aquele corpo no ritual, algo que antes era onipresente? O gato não sabia usar as patas de gato, seria ele outro ser antes? De forma definitiva nada que foi "trazido de volta" foi realmente trazido de volta e sim apenas levantou e andou com qualquer outra coisa dentro do corpo.
Observando um pouco mais eu consegui ver além do óbvio quando trata-se da irmã da esposa do personagem principal: ela estava acometida por uma doença que a deixou igualmente zumbi assim como os personagens trazidos de volta à vida. Seria uma forma indireta de dizer que ali havia um corpo que ainda se alimentava, dormia, fazia sons e não tinha mais vida? Seria uma forma de dizer que quem estava ali não era mais a irmã de Rachael? Uma forma de explicar o coma, a doença degenerativa grave e a perda de características da personalidade do dono do corpo? Uma forma diferente de explicar o estado vegetativo e até mesmo a eutanásia nesses casos?
Ficaram algumas questões em aberto, mas no fim de tudo eu tenho uma única certeza: essa devia ter sido a trilha sonora do filme: