6 de set. de 2021

Tipos de Desidratação

Um breve resumo sobre desidratação ressaltando seus tipos e como lidar com cada um deles.


1 DESIDRATAÇÃO



Lewis (2020) define a desidratação como sendo “a deficiência de água no corpo", mas existem muitas outras deficiências causadas por esse problema junto da simples falta de líquidos. Num geral, pode-se definir a desidratação como “deficiência de água no corpo e baixa concentração de sais minerais e eletrólitos.” (COSTA, 2019).


Em idosos, a desidratação pode ser mais comum, pois o centro cerebral que controla a sede pode não funcionar tão bem com o passar dos anos. Assim como também pode ser mais comum em organismos jovens demais, pois  o volume de líquido perdido durante a diarreia ou vômitos pode representar uma proporção maior de líquidos corporais (LEWIS, 2020). Costa (2019) apresenta uma imagem com os sinais de desidratação em idosos e jovens humanos que pode ser vista na tabela 1.


Tabela 1 - Desidratação em crianças e idosos. 

Fonte: Unimed Fortaleza, 2019



1.2 Causas


Diversas podem ser as causas de um quadro de desidratação, como por exemplo: “vômitos, diarreia, uso de medicamentos que aumentam a excreção urinária (diuréticos), sudorese profusa (por exemplo, durante ondas de calor, especialmente com esforço prolongado) e diminuição da ingestão de água” (LEWIS, 2020). Ainda deve ser destacado que alguns distúrbios, como “diabetes mellitus, diabetes insipidus e doença de Addison, podem aumentar a excreção da urina e, portanto, levar à desidratação” (LEWIS, 2020). Costa (2019) ainda destaca que “exposição ao clima quente, febre alta constante, [...] amamentação, perda excessiva de peso, [...] perdas ocasionadas por queimaduras extensas, [...] e hemorragias” também podem levar a um quadro de desidratação.



1.3 Sintomas


A sede excessiva é o principal fator em uma desidratação, mas nem sempre pode ser considerado como único parâmetro, pois a sede exagerada pode ser associada a outros sintomas, como baixa diurese ou urina escura, e o médico deverá investigar todos os demais fatores (COSTA, 2019).


 Figura 1 - Coloração de urina em humanos. 

Fonte: Fundação Pró Rim, 2021


Os sintomas mais comuns em casos de desidratação são: “boca e peles secas, olhos fundos, tontura, fraqueza, cansaço excessivo, diminuição da elasticidade da pele, dor de cabeça, diminuição ou ausência de lágrimas, queda da pressão arterial, aumento da frequência cardíaca e, em algumas espécies, moleira afundada nos bebês” (COSTA, 2019). 



1.4 Diagnóstico


Para diagnosticar uma desidratação em humanos, é comumente realizado exame de urina que detecta a cor e a clareza da urina, glicose, excesso de proteína e quantidade de sais, como sódio e potássio. Também pode-se observar a cor da urina: quanto mais escura, maior é a probabilidade de desidratação e a necessidade de aumentar a ingestão de líquidos (COSTA, 2019). 


O diagnóstico também pode ser feito através de exames de sangue, pois a desidratação normalmente faz com que o nível de sódio no sangue aumente, pois “apesar de as causas comuns [...] de desidratação causarem a perda de eletrólitos [...], uma quantidade ainda maior de água é perdida e, portanto, a concentração de sódio no sangue aumenta” (LEWIS, 2020).



2 TIPOS DE DESIDRATAÇÃO 



A desidratação apresenta tipos diferentes e todos eles podem ser classificados como desidratação leve, moderada ou grave, sendo que quanto maior o número de sinais de desidratação e sintomas, mais grave é o quadro (COSTA, 2019). De acordo com Barbosa e Sztajnbok (1999): "a gravidade irá depender da magnitude do déficit em relação às reservas corpóreas e da relação entre o déficit de água e de eletrólitos, principalmente do sódio", sendo classificados como: "leve ou de 1º grau (perdas de até 5% do peso), moderada ou de 2º grau (de 5 a 10%) e grave ou de 3º grau (>10%)".


A análise da relação entre a água perdida e a quantidade de eletrólitos permite a classificação em três tipos de desidratação: isotônica, hipertônica e hipotônica (SANTOS, 2021). 


 Figura 2 - Resumo dos tipos de desidratação.

Fonte: Fernando Bragança, 2016



2.1 Isotônica


Também conhecida como hipovolemia, suas principais causas são diarreia e abuso de diuréticos (NEFROL, 2007). Esse tipo de desidratação é “decorrente da perda de volume sanguíneo após, por exemplo, um quadro de vômito e diarreia. É causado principalmente pela perda de água e sais minerais na mesma proporção” (COSTA, 2019). Nesse quadro, pode-se observar "concentração plasmática de sódio próxima à normal, diminuição do volume extracelular/plasmático e volume intracelular sem alteração" (NEFROL, 2007).


De acordo com Nefrol (2007), os sinais externos são: mucosas secas, olhos encovados e perda de turgor cutâneo e nos exames laboratoriais, o sódio no plasma apresenta-se normal e há um aumento do quociente uréia/creat no plasma. Recomenda-se como tratamento "solução fisiológica EV e NaCl + H2O VO (se possível)” (NEFROL, 2007).



2.2 Hipertônica


É o tipo mais comum em diabéticos (COSTA, 2019). Também é conhecida como desidratação hiponatrêmica ou hiponatremia com depleção de volume (NEFROL, 2007). Este quadro “é caracterizado pela perda de água e aumento de sódio no sangue e geralmente está associado a outros problemas de saúde. Sua fisiopatologia também inclui: "concentração plasmática de sódio diminuída, diminuição intensa do volume extracelular/plasmático, volume intracelular aumentado, edema celular e edema cerebral” (NEFROL, 2007), podendo levar a sintomas neurológicos, como confusão mental, sonolência, convulsões e coma (NEFROL, 2007). De acordo com Barbosa e Sztajnbok (1999), em pacientes humanos: 

“Normalmente a hiponatremia costuma ser assintomática até que os níveis de Na+ plasmático caiam abaixo de 125 mEq/l. Quando surgem os sintomas, o quadro é principalmente neurológico, podendo inicialmente ser sutil, caracterizando-se por leves alterações do estado mental, como incapacidade de concentração e sonolência. Nos quadros mais graves, associados a Na+ sérico de 115-120 mEq/l (quadros agudos) e 105-110 mEq/l (hiponatremia crônica), podem ocorrer náuseas, vômitos, convulsões, alterações do estado mental, estupor e coma. De um modo geral, quando a instalação é aguda, predominam hiperexcitabilidade, irritabilidade, cãibras e convulsões. Quando a instalação é insidiosa, predominam fraqueza, apatia, confusão, letargia, torpor e coma. Ocasionalmente, pacientes com hiponatremia crônica podem se apresentar assintomáticos, mesmo com níveis de sódio na faixa de 100 mEq/l(13,18)”.


Suas causas podem ser: “diarreia, abuso de diuréticos (com reposição oral ou parenteral de H2O, mas não de Na), doença de Addison e nefropatias perdedoras de sal” (NEFROL, 2007).


No caso da desidratação hipertônica, "deve-se suspeitar de[...] qualquer paciente com alteração do estado mental e história sugestiva de déficit de água ou aporte excessivo de sódio, embora muitas vezes o diagnóstico de hipernatremia seja um achado da pesquisa de eletrólitos realizada de rotina" (BARBOSA; SZTAJNBOK, 1999).


Nefrol (2007) destaca como tratamento: "solução fisiológica EV. Atenção ao fluxo urinário. Cuidado com hipervolemia iatrogênica” e para correção da hiponatremia: “solução salina a 3% EV”, destacando que se houver sintomas de neuroglicose, a duração do quadro deve ser menor do que 48h e "não corrigir a concentração plasmática de Na em mais de 10mEq/L/dia. Só corrigir a concentração plasmática de Na se esta for < 125mEq/L”.



2.3 Hipotônica


Suas causas podem variar desde “diabetes insipidus, vômitos, queimaduras extensas, diabetes mellitus descompensada, febre alta persistente, exercício físico extenuante e exposição a calor intenso” (NEFROL, 2007). Essa desidratação “está relacionado à perda de sal e consequente diminuição de sódio no sangue. É consequência principalmente de transpiração exagerada ou [...] diarreia” (COSTA, 2019).


A fisiopatologia deste quadro constitui-se de uma “perda de água proporcionalmente maior que a de sódio, concentração plasmática de sódio elevada, diminuição moderada do volume extracelular/plasmático, diminuição intensa do volume intracelular, desidratação celular e desidratação cerebral” (COSTA, 2019). Podem ser observadas manifestações hemodinâmicas/renais, sendo no caso de oligúria um rim com resposta adequada e poliúria sugere perda renal como origem do distúrbio (NEFROL, 2007).


Como tratamento indicado está a reposição de água via oral (se possível) ou com soro glicosado a 5% ou com soro fisiológico diluído (NEFROL, 2007).



2.3.1 Voluntária


De acordo com o site Essential Nutrition (2020): “a desidratação hipotônica também pode ser causada pela ingestão de grandes quantidades de água pura (sem eletrólitos) em um curto espaço de tempo”. Esse problema pode ocorrer durante a prática esportiva, quando o corpo perde muitos eletrólitos na sudorese, ou em quem bebe muita água mesmo sem sentir sede. Este tipo de desidratação é agravado pelo próprio indivíduo, que causa uma redução na concentração de sódio plasmático, seguida de diurese. Com a diurese excessiva, o corpo ficará com mais sede e beber mais água pura causará mais produção de urina. No fim, embora tenha bebido muita água, o indivíduo acabará desidratado (ESSENCIAL NUTRITION, 2020).



3 TRATAMENTO E PREVENÇÃO



Para tratar a desidratação, deve-se avaliar o grau de acometimento do paciente, além do tipo de desidratação apresentada (SANTOS, 2021). De acordo com Santos (2021): “normalmente o tratamento é feito pela administração de água ou soluções aquosas salinas via oral, intravenosa ou subcutânea. No caso da administração oral, pode-se oferecer água na forma livre, na forma de bebidas, como sucos, ou alimentos com grande quantidade de água”.


Desidratações graves requerem “tratamento médico com soluções intravenosas contendo cloreto de sódio. Em um primeiro momento, a solução intravenosa é rapidamente administrada e, depois, mais lentamente, à medida que o quadro físico for melhorando” (LEWIS, 2020). De acordo com Lewis (2020), o tratamento também deve ser direcionado para a causa da desidratação, como, por exemplo, usar medicamentos para cessar vômitos ou diarréias.


A prevenção é bastante simples, sendo resumida em: hidratação (especialmente no calor ou em atividades físicas),  ingerir uma solução oral de hidratação para que sais também sejam repostos no caso de estar com vômitos ou diarreias e higiene para evitar problemas gastrointestinais (SANTOS, 2021).





REFERÊNCIAS


BARBOSA, Arnaldo Prata; SZTAJNBOK, Jaques. Distúrbios hidroeletrolíticos. 1999. Disponível em: http://www.jped.com.br/conteudo/99-75-S223/port.asp. Acesso em: 30 mar. 2021.


COSTA, Inês Claudia Rodrigues. Aprenda a reconhecer os sinais de desidratação em todas as idades. 2019. Disponível em: https://www.unimedfortaleza.com.br/blog/cuidar-de-voce/sintomas-e-sinais-de-desidratacao. Acesso em: 30 mar. 2021.


ESSENTIAL NUTRITION. Desidratação: conheça os tipos, sintomas e como identificar. 2020. Disponível em: https://www.essentialnutrition.com.br/conteudos/desidratacao/. Acesso em: 30 mar. 2021.


LEWIS, James L.. Desidratação. 2020. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-hormonais-e-metab%C3%B3licos/equil%C3%ADbrio-h%C3%ADdrico/desidrata%C3%A7%C3%A3o. Acesso em: 30 mar. 2021.


NEFROL, J. Bras.. Desidratação* isotônica. 2007. Disponível em: https://bjnephrology.org/article/desidratacao-isotonica/. Acesso em: 30 mar. 2021.


SANTOS, Vanessa Sardinha dos. Desidratação. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/saude-na-escola/desidratacao.htm. Acesso em 29 de março de 2021.






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Acabei achando a sessão inútil de manter. Contato: JulianaOdeiaCafe@gmail.com